Há 100 anos o mundo entrava numa guerra de proporções catastróficas, que traria grandes consequências ao planeta e moldaria cada pedacinho do mundo em que vivemos. A Grande Guerra (assim a considero, juntando a Primeira e Segunda Guerra Mundial num único conflito) causou a morte de milhões, propagou genocídios, redesenhou as fronteiras do mundo de maneira equivocada, acirrou debate ideológicos e nos deixou uma herança de inúmeros problemas não resolvidos.  Há quem diga que o estado natural da humanidade é a guerra. Ao observarmos e nos acostumarmos com conflitos como o da Síria, Afeganistão, Iraque, Israel e Ucrânia (ou até mesmo os conflitos nas periferias e favelas brasileiras, a “guerra às drogas”), podemos achar isso uma verdade universal e apenas lamentar o porquê das coisas serem assim (ou maldizer Eva e Pandora por espalharem essas desgraças pelo mundo).

Contudo… como as guerras começam? Quem as patrocina? Quem são os que decidem os seus rumos e, consequentemente e arbitrariamente, o futuro de milhões de pessoas? Quem são os senhores da guerra? Quem são os senhores do mundo?

A melhor forma de contar essa história é ao som de “Land of Confusion“, música lançada pela banda norte-americana Disturbed em 2006 e um dos grandes covers da música original do Genesis, criada 20 anos antes. Aliás, quase 30 anos depois do lançamento da canção original, cá estamos nós mostrando que, infelizmente, ela é cada dia mais atual.

O clipe da música foi feito por Todd McFarlane, conhecido por ser o criador da série de quadrinhos Spawn e por ter feitos outros clipes marcantes de bandas famosas, como “Freak on a Lesh” do Korn e “Do the Evolution” do Pearl Jam. De acordo com o autor, o vídeo é “uma grande visão do mundo corporativo e de como isso tudo resulta em um grande monstro… o mundo é dirigido por uma coisa imensa, que é impulsionada pela ganância e cobiça”. Neste cenário digno de uma Terra da Confusão, nós vemos The Guy, mascote da banda (tipo um Eddie do Iron Maiden), chegando à Terra e assistindo sob correntes um mar de guerras, mortes e atrocidades perpetradas por um exército cujo símbolo máximo é um cifrão sob um fundo vermelho, como a suástica nazista. No comando da situação, uma cúpula composta pelos líderes das principais potencias mundiais: o então presidente dos EUA, George W. Bush, o primeiro-ministro britânico Tony Blair, o primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, o presidente francês Jacques Chirac e o presidente russo, Vladimir Putin. Num ambiente parecido com a cúpula da ONU, tomam suas decisões enquanto o povo é massacrado nas ruas. Então, após se rebelar e escapar do cativeiro, The Guy conduz uma rebelião contra as tropas, convocando o povo às ruas de um modo a dar inveja ao pop star “V“. Após enfrentar as forças opressoras, o povo liderado por The Guy adentra o local onde os  importantes mandatários estão, um verdadeiro balcão de negócios, até encontrar e enfrentar o grande inimigo: um sujeito gigante, gordo, muito parecido com o mascote do jogo “Monopoly” e que, segundo o autor do clipe, representa as grandes corporações. Ao ser destruído, a figura gigante e gorda explode em milhares de notas de dinheiro.

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Não voltarei para casa hoje à noite
Minha geração deixará tudo certo
Não estamos apenas fazendo promesssas
As quais sabemos que não vamos cumprir

A cena do povo às ruas hoje nos soa muito familiar. Não só o Brasil foi palco de um cenário como este, mas jovens de diversas partes do mundo, como a Tunísia, Estados Unidos, Turquia, Espanha, Egito, Chile e Venezuela, criaram e experimentaram uma nova atmosfera, onde o velho conservadorismo das instituições arcaicas que enferrujam o mundo foi sacudido e questionado, dando espaço até mesmo para brotar primavera no mundo árabe. Dentre todas as pautas empunhadas, o desejo de um Estado democrático de fato, onde a participação popular não se resuma apenas ao comparecimento periódico (e muitas vezes forçado) às urnas, mas a todas as decisões de interesse do povo. A noção de que há uma classe de pessoas que parasitam a coisa pública, vivendo e sobrevivendo às custas dela, num dramático  e nojento círculo vicioso, ficou cada vez mais nítida. E as perspectivas para o futuro, por mais que sejam cada vez mais embaçadas por este mesmo grupo parasita, nos dão a oportunidade de experimentar o otimismo.

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Este é o mundo em que vivemos
E estas são as mãos que nos são dadas
Use-as e vamos começar a tentar
Fazer deste um lugar em que valha a pena viver

Quando o Disturbed lançou o clipe, uma rebelião como essa seria apenas uma utopia, ainda mais neste país aqui, onde fomos (e somos) forçados a crer que um certo tipo de ordem leva a um incerto tipo de progresso. Porém, há uma geração que experimentou algo novo, e este pode ser o primeiro passo para darmos uma basta à Terra da Confusão.

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