No próximo domingo, dia 03 de Outubro, teremos eleições… E o Desordem Pública é o único blog do Brasil a fazer uma maratona de posts sobre política, com muito humor, reflexão e crítica. Curta, e divulgue! :-)

Religião e política formam uma mistura perigosa, inconstante, e inflamável. Ao longo dos séculos da existência humana, e da criação das milhares de religiões que por este planeta já passaram, o ser humano fez questão de relacionar tudo o que  acontecia a sua volta a fatos ou entidades fantásticas invisíveis, que estavam ao seu redor (ou um pouquinho distante), e que ditavam o ritmo de suas vidas.  E como o ser humano gosta de hierarquizar as coisas, hierarquizou o contato com essas entidades; somente alguns estão mais próximos a elas e podem ter o dom sagrado de se comunicarem com estes seres majestosos.

Não iria demorar para que pensassem que os únicos capazes de administrar o mundo fossem aqueles em contato com tais seres fantásticos: afinal de contas, se você tem o poder de conversar com  o ser mágico que faz chover, você pode ter plantações em abundância e nenhuma enchente destruidora.  Se você pode conversar com o ser poderoso que vence as guerras, você pode fazer seu reino dominar os outros, ser mais forte e poderoso, e assim por diante. Política e religião sempre andaram juntas, fazendo com que, por exemplo, a Igreja Católica fosse rainha do mundo por séculos e séculos, possuindo até exército próprio e coroando reis de várias nações (isso sem falar da Inquisição, que é hours concours). Até que um dia raiou a luz do Iluminismo, que fez necessário o corte desta relação duplamente perigosa, guilhotinando certas condutas retrógradas e fazendo as Ciências e o pensamento crítico avançarem. Caso contrário, até hoje teríamos convicção  de que o mundo gira ao redor da Terra.


Contudo, o Iluminismo não venceu totalmente. Hoje, religião e política estão mais próximos que Caim esteve de Abel. É fácil perceber isso ao olharmos para o Irã, o Afeganistão, os Estados Unidos, o Estado de Israel, a África, o Brasil.

Nesta semana, um vídeo do pastor evangélico Silas Malafaia ficou interneticamente famoso graças a seguidos retweets. Nele, o líder religioso declarava que não votaria mais em Marina Silva, também evangélica e candidata do Partido Verde à Presidência da República, pois a mesma supostamente recuara em seus preceitos cristãos, ao propor, caso eleita, um plebiscito para que a população brasileira decida se o aborto deve ser legal ou não. Malafaia disse que Marina é uma cristã que dissimula, e isso é imperdoável. Até onde eu sei, cristãos não devem julgar…

A crítica do pastor é forte, agressiva, sem ser ofensiva. E mostra claramente a confusão que religião e política faz na cachola das pessoas menos preparadas para este assunto, como é o caso de Malafaia.

De maneira clara, direta e sem rodeios, pense: O Estado brasileiro é LAICO, ou seja, não tem religião, não prega nenhuma religião, estando seus cidadãos livres para escolherem suas crenças. Ora, sendo o Estado laico, poderia um presidente governá-lo mediante suas crenças e convicções espirituais-imaginativas-religiosas-mundodaluísticas? CLARO QUE NÃO! Esta é a questão que muitos desavisados insistem em não querer assimilar.

O parecer oficial de Deus


O pastor se indignou porque Marina teve a posição correta que se espera de um político: exerceu a democracia, planejando o direito ao povo de poder opinar e decidir a questão, afinal de contas, não dizem que na democracia o poder emana do povo? Ou estaríamos falando de uma DITADURA RELIGIOSA, tal qual acontece no Irã, onde mulheres são apedrejadas até a morte pelo Estado porque assim quer o profeta?

Agora, Malafaia… Se o presidente do Brasil fosse um muçulmano que obrigasse as fiéis de sua igreja a usarem véu e orarem em direção à Meca tantas vezes por dia, você gostaria? Você se rebelaria? Ora, com certeza você falaria em perseguição religiosa (como sempre fala), mas não estaria o presidente agindo de acordo com as convicções religiosas dele, as quais ele acha corretas e de acordo com o deus no qual ele acredita? E por que Marina então deveria agir da mesma forma? Só porque ela segue a mesma religião que a sua? ISSO NÃO É DEMOCRACIA. ISSO É ANTICONSTITUICIONAL.

Depois, o líder religioso esbravejou contra algo muito intrigante, que é a lei da obrigatoriedade de existir uma Bíblia em cada biblioteca brasileira. Mais uma vez, o pastor segue seu egocentrismo religioso, afirmando que Marina engavetou o projeto por temer descontentamentos e pensar nos praticantes das outras religiões. Silas Malafaia argumenta que “90% da população brasileira é cristã, as outras religiões é que façam emendas pra buscar seus interesses”, o que é de um absurdo e de uma contraditoriedade incríveis! É o famoso “dane-se os outros, o que importa sou eu”. A democracia não é o governo onde uma maioria detém o poder, mas o governo onde a maioria pode ser formada mediante a participação de TODOS, e não de uma privilegiada parcela que impõe as condições.

Pesquisa CNT/Sensus em parceria com a Veja, em 1998

Aliás, também disse que a “Bíblia é o maior livro do mundo”; faltou dizer que é também o livro mais alterado e  mal interpretado de todos os tempos (sem falar dos plágios de outras histórias que ali estão).

Imagine um governante radical a ponto de defender a ausência do estado laico? De achar que todos os templos de umbanda, candomblé e outros ritos religiosos afrodescendentes são coisas do demônio? Passaria por cima das crenças dos outros, a pisoteios largos, da mesma forma que cristãos fizeram com as crenças indígenas e dos negros no passado. Há pouco tempo, na semana do 11 de Setembro, um pastor evangélico norte-americano ameaçou queimar o Alcorão! Vocês acham que a mesma linha de raciocínio dele difere desta que vemos no vídeo? Não difere em nada.

É por pessoas pensarem desta forma, e conduzirem outros milhares a fazerem o mesmo, que vemos partidos “políticos cristãos” brotarem aos montes, candidatos políticos que se lançam dizendo que colocarão a sociedade nas mãos de Deus, que merecem seus votos por serem servos de Deus e outras coisas mais. E fazem políticos como FHC, ateu, ir a missas em igrejas para conseguir votos, afinal de contas, ser ateu é ser um filho do capeta.

É complicado falar de religião e política num país onde existe um crucifixo no Congresso, e vários feriados oficiais por motivos religiosos ao longo do ano.

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