Há um ano, o Desordem Pública falava sobre os terríveis problemas do Haiti. O grande tremor de terra, aliado à imensa pobreza do país, foram catastróficos para a vida de todo o povo sofrido haitiano.
Paralelamente, dezenas de artistas pop se juntaram para fazer grana à custa da miséria alheia, ao lançarem uma reedição de We Are The World em prol do país caribenho. Um ano após a tragédia que assolou o país, a miséria e a pobreza continuam mais fortes do que nunca, e o país, mais uma vez, isolado e esquecido.
Há um ano, o Desordem Pública também falava das devastadoras enchentes que assolavam diversas regiões do país. A força da natureza, impiedosa e multiplicada pelo aquecimento global, atingiu em cheio cidades inteiras, chacinando centenas de brasileiros sob os olhos alheios de seus governantes.
Paralelamente, dezenas de campanhas de doações foram criadas, e inúmeras mobilizações midiáticas procuraram a audiência dos brasileiros atônitos. Um ano após as tragédias, vemos a repetição do caos e a proliferação da destruição e da miséria. O país, mais uma vez, isolado e esquecido.
Mas o mundo não pode parar. A música pop balança os corpos com o mesmo efeito que os terremotos. E o carnaval inunda o povo sofrido com suas batidas que fazem lavar a alma.
E o povo, que vê casas inocentes totalmente destruídas todo início de ano, volta seus olhos para uma casa indestrutível, povoada por homens sarados, modelos seminuas e o Pedro Bial.
E a tragédia humana segue o seu ciclo.