Em suas andanças pela Palestina, Jesus fez e disse um bocado de coisas. Ao ver uma multidão de cinco mil pessoas que o seguia, por exemplo, ele pegou alguns pães e peixes, os repartiu e alimentou a todos (João 6:5-15), para que não morressem de fome. Ao ser indagado por um jovem rico, disse para que vendesse seus bens e doasse tudo aos pobres (Mateus 19:16-22). Aliás, recomendou que o correto é praticar a caridade sem fazer alardes ou autopromoção (Mateus 6:1-4). Afirmou também que é mais fácil um camelo passar por uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus (Lucas 18:18-30), e criticou a avareza dos ricos que gostam de multiplicar seus bens (Lucas 12:13-21). Ah, também ajudou uma acusada de crime a não ser linchada por um grupo de “justiceiros” (João 7:53 a 8:1-11).
Levando tudo isso em consideração, o que aconteceria se este cidadão cabeludo resolvesse transformar água em vinho e fazer suas caminhadas sobre as águas aqui no Brasil? O que falariam de Jesus se ele aparecesse pregando tudo isso por aqui?
Populista! Comunista! Assistencialista!
Pois é, o nosso jovem hippie seria chamado de populista, comunista, assistencialista, esquerdista, estatista e anarquista, e alguns blogueiros retardados de uma famosa revista semanal diriam que ele faz parte da trama do Golpe Comunista Universal (o mesmo que transformou Marte no Planeta Vermelho, que criou o Mar Vermelho e que pintou o logo da Copa do Mundo de vermelho), com grandes chances de chamá-lo de criador do Bolsa Esmola (afinal, Jesus repartiu pães e peixes aos pobres e não os ensinou a “pescar”), de blasfemador do Deus Mercado (já que cura as pessoas de graça, ao invés de incentivar o mercado dos planos de saúde ou cobrar por seus serviços) e de pregar contra os ricos e as grandes fortunas, que são os grandes perseguidos da sociedade (segundo eles mesmos, claro). Ah, já ia esquecendo, Jesus seria escrachado como terrorista nos principais telejornais brasileiros, sendo seu escárnio pauta obrigatória de todos aqueles programas sensacionalistas que povoam nossas tardes há cerca de vinte e cinco anos.
E se depender da nossa polícia e do nosso sistema judiciário, Jesus seria condenado por formação de quadrilha, preso, torturado e talvez teria o mesmo fim que teve há uns dois mil anos atrás. Só que aqui no Brasil, nós temos uma população inteira de Pôncios Pilatos dispostas a lavar as mãos por isso.
Vídeo do canal O Que Tem Pra Hoje, com a ilustre participação deste que vos escreve como melhor ator coadjuvante (e uma barba preta igual a do Enéias)
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