Imagine que um grupo de alienígenas resolva dominar a Terra e para isso envia um mutante dotado de um poder bem interessante: se dividir em pessoas diferentes, que parecem ser adversárias, mas que no fundo falam a mesma coisa. E esse mutante, para cumprir a tarefa que lhe foi dada, vai parar no mundo da política. O que aconteceria?
Bem, esta seria uma tática bem interessante, e se olharmos um pouco ao nosso redor, parece que ela realmente existe e está em pleno andamento! Pra que perder tempo mandando um ET de Varginha andar por aí, ou brincar de “bobinho” no céu acendendo e apagando as luzes dos discos voadores se você pode simplesmente mandar uns mutantes com poder suficiente para comandar a porra toda?
Este é o cenário do clipe da música Testify, da banda Rage Against The Machine. Ambientada no clima das eleições presidenciais norte-americanas de 2000, entre o candidato republicano George W. Bush e o democrata Al Gore, o clipe mostra como os representantes da “direita” e “esquerda” dos EUA repetem os mesmos discursos, que são financiados da mesma forma, passando uma aparente sensação de oposição de ideias e/ou candidaturas, que na verdade pouco têm de diferente. Alguma semelhança com outro lugar que você conheça?
Em época de eleições, é comum a gente ficar desanimado com a “política” ao observarmos os inúmeros candidatos literalmente estranhos que aparecem no horário eleitoral. Não apresentam propostas fundamentadas, não demonstram ter nenhum tipo de qualificação para os cargos aos quais estão competindo, e usam as mesmas táticas bisonhas na tentativa de nos seduzir e conquistar votos suficientes para terem um emprego estável, poderoso e bem remunerado de quatro anos (ou oito, no caso do Senado).
Quem controla o passado, controla o futuro
Quem controla o presente, controla o passado
Quem controla o presente agora?
Essa mesmice não é aparente, e sim um grande sintoma do nosso sistema político. A democracia (palavra bonita que a gente sempre ouve na TV em épocas de eleição – “ah, o show da democracia!”) tornou-se uma aparente ficção, ou até mesmo um rótulo bonito a um regime criado para eleger sempre as mesmas pessoas, que possuem os mesmos discursos, que têm os mesmos interesses e atendem sempre aos mesmos grupos.
Curiosamente, essas pessoas possuem elos com as mesmas famílias, aquelas milionárias e tradicionais com histórica ligação com a política nacional. Segundo levantamento da ONG Transparência Brasil, quase metade dos parlamentares que começaram a última legislatura têm parentes próximos na política. Dos que foram eleitos com 30 anos ou menos, 79% são filhos ou netos de políticos (o infográfico feito pela Galileu mostra direitinho). Já quanto ao discurso, os membros desta velha oligarquia sempre estarão alinhados a seus financiadores. Na eleição deste ano, os principais candidatos a presidência já receberam mais de R$ 22 milhões em doações, com grandes bancos e empreiteiras entre a galera “caridosa”. Se os patrocinadores são os mesmos de sempre, os discursos também serão iguais.
Quem é quem, afinal?
Pesquisas realizadas neste ano apontam que o número de eleitores indecisos é recorde em nosso país. Se o voto não fosse obrigatório, certamente teríamos uma taxa de abstenção semelhante à demonstrada no clipe de Testify, sobre o cenário norte-americano de 2000. A crise ética das instituições políticas do Brasil nos leva a este cenário desolador, onde as pessoas não se veem representadas.
Não é à toa que sempre ouvimos por aí alguém dizendo que “os políticos são todos iguais”. Apesar desta frase ser sintomática, ela é perigosa, pois alimenta não apenas a descrença na política como também estimula o distanciamento das pessoas deste tema. Se estamos imersos na mesmice política eleitoreira, por que não enfrentarmos esta realidade? Como diz a frase de Ralph Nader, no final do clipe, “se você não está envolvido na política, a política vai te envolver nela”.
Temos que nos envolver com a política! Participar dela, discuti-la, tratá-la como algo inerente ao nosso cotidiano, não como um negócio à parte que você pode fazer de conta que não existe ou simplesmente jogar nas mãos de terceiros. Afinal de contas, a política está terceirizada há muito tempo, e nossos problemas continuam aí sem solução.
Como bônus do post, que tal assistir ao Rage Against The Machine tocando Testify aqui no Brasil, no SWU Festival de 2010? Bora!
Posts Relacionados
10 notícias que mostram que o mundo já é comunista e bolivariano
Reação do presidente Obama à petição contra o Golpe Comunista
A História da Guerra ao Drugo