ALELUIA! Finalmente, o “julgamento do século”, chegou ao seu fim. O “Brasil inteiro” (notem as aspas) “parou” para acompanhar o desenrolar e o mais que óbvio desfecho do julgamento sobre o assassinato da jovem Isabella. Ou você acreditava que os pais seriam absolvidos?

Já vimos em um tópico anterior porque a mídia transforma casos como este em capa de revista (leia aqui). As principais manchetes jornalísticas do país, durante esta semana, foram sobre o caso envolvendo os Nardoni. Consequentemente,  num efeito osmótico, a população ergueu e sacudiu a bandeira da justiça, amaldiçoou o coitado do advogado responsável pela defesa do casal assassino, endeusou o promotor vencedor do julgamento (hoje um herói nacional), e provou, de uma vez por todas, como pode se mobilizar por algo de maneira inversa ao que costuma fazer, por exemplo, com questões que envolvem política e bem comum.

Quais foram as últimas faixas e cartazes que você viu o povo brasileiro levantando? Tirando aquelas de “Filma Nóis, Galvão!”, não temos exemplos que nos causam muito orgulho. Intrigantemente, uma inocente menina, morta cruelmente, ganha o coração de todos, vira parte integrante de todas as família, dos seus pensamentos, vira um anjo eterno, mártir das causas nobres da justiça brasileira, comumente impune.

Se Isabella fosse filha de uma família pobre, de periferia de cidade grande, e tivesse sido espancada e morta por um pai maltrapilho e bêbado, que a tivesse atirado da janela de um barraco do alto de um morro, a repercussão não seria  a mesma. Como já vimos no outro post, existem as notícias que só passam no Cidade Alerta, e as que passam no Jornal Nacional e no Fantástico.

A comoção popular é igualmente proporcional à exibição maciça e proposital do caso na mídia.

Quantos protestos por justiça você já viu na sede da Prefeitura de sua cidade, na Câmara dos Deputados ou em frente ao gabinete de um vereador corrupto? Tirando aqueles comandados por partidos/sindicatos de oposição, a resposta é “vi nenhum, não sinhô!”. O povo brasileiro é refém daquilo que não lhe pertence. Dá importância a fatos que não o influencia diretamente e… Não, um momento. É claro que estes fatos influenciam… Pois, se passam o dia todo na telinha da TV, é porque importância deve ter, né não?

O Fórum de Santana virou ponto de encontro de centenas de brasileiros em busca de justiça. A mesma justiça que não sabem realizar através de uma urna eletrônica.  No cenário do julgamento, era possível observar pessoas de vários cantos do país,  empunhando diversos cartazes e dizeres. Também era possível ver brinquedos para Isabella, um pastor pregando o perdão dos assassinos (quase sendo linchado), e outras estranhices mais.

No final de tudo, a comemoração. Enfim, condenados! É Hexa! Finalmente, o povo que tanto brigou e defendeu uma causa nobre, pode voltar pra casa tranquilamente, com um sorriso estampado no rosto, a tempo de assistir e votar no Paredão do Big Brother.

Êta Brasilzão!