Um comercial da União Europeia foi retirado do ar após gerar muitos protestos e denúncias de que promoveria racismo e xenofobia. Nele, uma jovem branca, vestida como a protagonista de Kill Bill e usando as cores da União Europeia (amarelo e azul), é ameaçada por três lutadores: um de kung fu, representando a China, um de kalaripayattu, luta típica da Índia, e outro de capoeira, claramente se referindo ao Brasil (quando ele entra em cena, ouvimos um samba ao fundo). A referência aos três países não é dita, mas é facilmente percebida.
No final, ao se multiplicar, a lutadora consegue deter os estrangeiros, exibindo sua força e poder. A frase “The more we are, the stronger we are” (algo como “quanto mais nós somos, mais fortes seremos”), fecha o comercial.
Percebe-se na propaganda o claro retrato da Europa de hoje: em crise, sentindo-se ameaçada economicamente pelos mercados emergentes (Brasil, Índia e China, os BRICs – aliás, por que não há nenhum lutador russo no comercial? Será que estão querendo a Rússia na UE ou o cachê do Zangief é caro?) e cada vez mais xenófoba e intolerante com os povos estrangeiros, tratados como intrusos e verdadeiras ameaças à paz e nobreza do povo europeu.
Vadia e hipócrita!
Nesta última semana, uma idosa de 77 anos foi barrada no aeroporto de Madri ficando três dias confinada na área de imigração, sem poder nem mesmo trocar de roupa; na disputa eleitoral na França, Sarkozy disse que o país tem estrangeiros demais e que irá fazer políticas mais duras contra a imigração. A Europa está adotando um perigoso caminho, que é o de jogar a culpa de seu fracasso nos estrangeiros (aqueles mesmos que durante séculos foram massacrados pelos europeus). Até onde isso vai chegar?
O mais curioso é que a Comissão Europeia declarou que o foco do vídeo era o público jovem e que tentaram usar a linguagem dos videogames de luta para despertar o interesse deles pela política, pregando a paz entre os povos. Aham…
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