Os distúrbios em Londres geraram muita polêmica e poucos debates construtivos, principalmente na mídia. Por este motivo, semanas atrás fizemos um post com um vídeo onde jornalistas da Globo entrevistavam um sociólogo sobre o assunto (post este um dos mais comentados de todo o blog). Dando continuidade ao debate, e mostrando o pouco preparo da mídia ao tratar de assuntos tão importantes, escolhemos um vídeo onde uma jornalista da BBC entrevista um morador do subúrbio londrino à respeito dos conflitos. E a entrevista não sai como o planejado…
O entrevistado em questão é Darcus Howe, um escritor e ativista de movimentos sociais, natural de Trinidad e Tobago e residente em Londres. Sua condição de imigrante e negro e o seu discurso é essencial para o entendimento dos conflitos na Inglaterra. Já a entrevistadora da BBC, Fiona Armstrong, queria que o entrevistado condenasse os tumultos, o que não ocorreu. Visivelmente transtornada, não soube conduzir a entrevista com um mínimo de imparcialidade.
“Eu não chamo isso de desordem. Isto é insurreição popular. Está acontecendo na Síria, em Clapton, em Liverpool. Acontece em diversos lugares, e esta é a natureza histórica do momento em que estamos vivendo”, disse Howe
Howe fez declarações defendendo Mark Dogan, jovem que foi morto pela polícia e que se transformou no grande estopim das revoltas, e relatou a situação dos negros na periferia, constantemente abordados e revistados por policiais sem motivo aparente, citando até mesmo o seu próprio filho. Se a polícia tivesse ouvido os jovens brancos e negros, segundo ele, saberiam o porquê de toda a revolta.
Interessante perceber o que acontece quando as palavras do cidadão comum, testemunha ocular dos eventos, entra em confronto com a “versão oficial” dos fatos, e como a imprensa nem sempre é um instrumento apenas de informação.
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