Por Cecília Meireles
(…)
Esta ignorância humana.
Este silêncio do universo.
A sabedoria.
Hoje eu queria estar entre as nuvens, na velocidade das nuvens, na sua fragilidade, na sua docilidade de ser e deixar de ser.
Livremente.
Sem interesse próprio.
Confiante.
À mercê da vida.
Sem nenhum sonho de durarem até o ano 2000, de terem emprego público, férias, abono de Natal, montepio, prêmio de loteria, discurso à beira do túmulo, nome em placa de rua, busto no jardim…
(Ó nuvens prodigiosas, criaturas efêmeras que estais tão alto e não pretendeis nada, e sois capazes de obscurecer o sol e de fazer frutificar a terra, e não tendes vaidade nenhuma nem apego a esses ocasos!)
Hoje eu queria andar lá em cima nas nuvens, com as nuvens, pelas nuvens, para as nuvens…
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